quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

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Revista mensal online de Programação NeuroLinguística
Ano 3 – Nº 1, JANEIRO 2013
REALIZAR VOTOS DE ANO NOVO
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Os nossos desejos para 2013
Quantas promessas de mudança e realização de objetivos não são repetidas, por esta altura, ano após ano? Promessas de transformação de comportamentos, de traços de caráter, de controlo de emoções, de aprendizagens a fazer, de realização do bem-estar, de promessas a pagar… Muitas vezes, passada uma semana, serão novamente esquecidas… E o espantoso é que possivelmente nunca existiram tantos livros, tantos “gurus”, tanta informação gratuita e ao alcance de todos, para nos ajudar a realizar a mudança e conseguir alcançar os nossos desejos. O facebook revelou-nos ainda mais o vasto número de ofertas para ajudar no caminho da salvação e autorrealização das almas. Com tanta promessa poderíamos concluir que só não é feliz quem é teimoso.

A “salvação” encontra-se ao dobrar da esquina
Num curto espaço de tempo podemos aceder a inúmeras ofertas de auto ajuda e desenvolvimento pessoal, seja na livraria ou através do nosso computador:
- Terapia multidimensional ou cura pelo coração, grupos de excelência pessoal, gestão emocional, storytelling, vida plena, amar o trabalho, sintonia de abertura, eneacoaching , eu básico e criança interior, nutrição ortomolecular, be yourself, transformação pessoal, hipnoterapia, mantras e vibrações, New Shape nutrição, Osho born again, medicina holística, wake up, EMDR, reiki quântico multidimensional, chakraterapia, auto sintonização, inteligência angelical, geneologia sistémica, contratos sagrados, constelações, reflexologia japonesa, sonhos do agora, yoga do riso, mindfulness, escrita criativa, astrologia, o sagrado feminino, liberta-te e brilha, ao encontro da tua natureza, caminho Sou, estudos védicos e orientais, profecias, feng shui, evolution of human consciousness, inteligência emocional, PNL Bíblica, meditações, TAO… para além de diversas escolas de coaching, de suplementos alimentares e da venda de cristais, pêndulos, cheirinhos, talismãs, mandalas e cartas de oráculos inspiradoras e milagrosas.
Às vezes pergunto-me: - O que pensaria disto um saudável cético acabado de chegar de outro planeta? Miséria emocional e psíquica neste planeta? Vazio coletivo? Comércio? “Medicina” séria? Banha da cobra? Placebos? Despertar social para uma “iluminação” global?

Características da PNL
Segundo a PNL (Programação NeuroLinguística) a imaginação é tudo. A partir do mundo, criamos modelos do mundo. Embora não universalmente aceite no meio académico, o certo é que a PNL pretende estudar metodicamente os modelos do mundo que as pessoas têm na cabeça e as suas estruturas. É lógico que para cada modelo do mundo possa haver uma “pílula” adequada. A diferença em PNL poderia estar na colocação da questão inspirada de William James:
- Não se trata de saber se “fantasmas” existem ou não. Trata-se de saber como eles existem. Em terminologia pnliana, a pergunta é:
- Se funcionam, como funcionam?
Com esta pergunta sobre como é que as coisas funcionam na nossa mente que é a base da modelagem, a PNL pretende ser Meta em relação a qualquer disciplina (aliás “Meta” era já o nome do grupo que constituiu os precursores da PNL em 1972, antes de esta ser batizada por Bandler e Grinder com o nome atual). Se é “meta” ou não, pode ser discutível. Mas perguntas de caráter Meta (um nível lógico abrangente) são inevitáveis. Entre outras:
- Qual é a estrutura por detrás das promessas de ajuda, “salvação”, desenvolvimento pessoal e auto realização que o mercado oferece? Como é que o “guru” faz o que faz para convencer pessoas? Há, e no caso de os haver, quais os axiomas gerais que, se forem respeitados, fazem a diferença? O que há de semelhante entre a diversa oferta no mercado? Haverá, no meio de todo este mundo de ajuda física, mental, emocional e espiritual, algo comum que funcione? O quê? A pergunta caraterística em PNL:
- o que se pode retirar de inútil e como chegar ao essencial?

E quando não conseguimos o que queremos?
Uma pergunta que talvez, no começo do ano, pudéssemos fazer, gira à volta das condições necessárias para que finalmente possamos, no novo ano, realizar aquilo que desejamos realizar e que, muitas vezes, vamos adiando, vamos substituindo, vamos esquecendo, vamos desistindo… Penso que, em princípio, qualquer método, corrente, filosofia, pode funcionar desde que se acredite verdadeiramente nisso. Qualquer livro de auto ajuda, qualquer das correntes acima mencionadas, qualquer “salvador” profissional, qualquer “guru”, tem uma receita às vezes feita de uma lista de passos que geralmente se encontram em diversos livros e muitas vezes até já sabemos de cor. E tal como num grande centro comercial, saltitamos de loja para loja. Às vezes acertamos, outras não. Às vezes as coisas funcionam, às vezes não funcionam. Quando uma ferramenta funciona, muito bem. Quando não funciona fico automaticamente mais alerta e debruço-mo sobre a questão. Seguem-se algumas das razões que tenho encontrado pelas quais as coisas, muitas vezes, não funcionam:
- Não encontrámos ainda as alternativas de comportamento adequadas e congruentes para realizar o que nos propomos realizar;
- Podemos eventualmente não ter as competências necessárias e não saber como as adquirir;
- Podemos concentrarmo-nos nos impedimentos e possuir convicções limitadoras sobre nós e sobre o mundo;
- Pode ser que os objetivos que desejamos não sejam suficientemente significativos ou podem existir valores contraditórios em jogo;
- Podemos não conseguir aceder ao estado emocional adequado para funcionar como motor para as nossas ações;
-Sentimos o que experimentamos como não sendo verdadeiramente o que desejamos sem termos plena consciência do que queremos;
- E finalmente, relacionado com o ponto anterior, podemos não ter consciência do nosso significado de vida, ou o que queremos atingir não está, de forma suficiente, emocionalmente relacionado com esse significado.

O que é mesmo fundamental?
A Programação NeuroLinguística é conhecida como uma alargada caixa de ferramentas criada a partir da “modelagem”, quer dizer, da observação, cópia, classificação e seleção do essencial de como as pessoas funcionam. Neste sentido qualquer dos métodos mencionados acima poderia muito bem ser objeto de estudo da PNL. As ferramentas da Programação NeuroLinguística são empregues em todo o mundo e, ao que parece, na maioria das vezes, são bem-sucedidas. Estas ferramentas têm como fim, essencialmente:
- Compreender as nossas próprias estruturas mentais de funcionamento e os nossos desejos e ambições de significação no contexto histórico da nossa vida;
- Daí, ajudar a formular objetivos com possibilidades de sucesso;
- Ativar recursos com vistas à sua realização;
- Colocar aspetos limitadores num novo quadro e libertar a potencialidade que se encontra neles cristalizada; - Instalar novas perspetivas;
- Generar mudanças globais de identidade com vistas ao auto crescimento e realização contínua e congruente de significados de vida.
Nos 40 anos de crescimento da PNL foram desenvolvidas milhares de técnicas. Muitas vão ficando pelo caminho, restando um enorme número de conceituadas receitas de sucesso. Estas técnicas funcionam com sucesso na medida em que assumirmos alguns axiomas básicos. São os princípios e pressupostos da PNL, as convicções básicas do método que, no meu entender, podem verdadeiramente fazer a diferença. Seguem-se aqui alguns dos pressupostos da PNL que talvez possam ajudar-nos neste novo ano.

Princípios básicos:
(excertos do livro: “Ciência e Arte da PNL”, de José Figueira):
- O primeiro princípio, “perceção é projeção”, quer dizer que tudo o que percecionamos e tudo o que expressamos sobre o outro e sobre o mundo são a expressão de nós próprios…
- Se o princípio da relação direta de “causa e efeito” funciona dentro das leis naturais do mundo físico, ele não funciona da mesma forma nos animais, e muito menos no ser humano. Não é o mundo que está na origem direta dos nossos pensamentos, sensações e comportamentos, mas somos sempre nós que, com base nesses estímulos externos, somos a causa…
- O terceiro princípio é o princípio das “convicções ilimitadas”. A maior parte das pessoas confunde convicções com verdades. Convicções são regras, opiniões, pontos de vista sobre si e os outros. Interpretações individuais feitas de generalização, distorção e omissão de informação… são profecias auto realizáveis. Assim, é importante distinguir as convicções que nos limitam na vida das que são ilimitadas, quer dizer, as que nos permitem libertar o nosso potencial e empregar de forma adequada os nossos recursos.
- “O sistema nervoso central não conhece negações” tem como consequência, se se dirigir ao que não quer, formar-se uma representação interna do que se não quer. Ora na prática, ao que parece, qualquer representação mental tende a realizar- -se. É por isso que não querer ter medo, não querer a doença, não querer guerra, ou simplesmente não querer ter uma dor de cabeça ou constipação, aumenta as possibilidades da guerra, do medo ou da doença…
- Um princípio central em PNL é que “toda a aprendizagem, toda a transformação e todo o comportamento ocorrem a nível inconsciente”. Uma grande parte da filosofia ocidental desde Sócrates, passando por Kant e Descartes, parece não ter tido outro desejo a não ser a acusação da sensação e da emoção como irracionalidade, sensação ou emoção essa que é preciso neutralizar. Ora o consciente racional, tal como se tem vindo a falar ultimamente dentro do campo da neurociência, joga um papel muito mais reduzido do que as pessoas pensam. A emoção é essencial à decisão... O inconsciente forma o cerne das nossas vivências e decisões. Toda a PNL tem como fim tornar conscientes processos inconscientes, para com esse conhecimento encontrar maior harmonia e, quando muito, disponibilizar informação e levar o inconsciente, com todo o cuidado, a trabalhar em determinada direção… procura de uma relação funcional e mais harmoniosa entre o consciente e o inconsciente.

Pressupostos da PNL
É opinião geral de grandes especialistas ocupados no desenvolvimento da PNL e sei-o por experiência própria, que as ferramentas só funcionam de forma ótima na medida em que o praticante, não só adquire prática na sua execução, mas que está ocupado ativamente na integração dos princípios e pressupostos desta epistemologia e método. E entre todos os princípios e pressupostos há algo que faça mesmo a diferença? Penso que sim. É a consciência de auto responsabilização pelos próprios pensamentos, sensações e ações. Não há ninguém nem nada que nos “salve”. Neste sentido estamos absolutamente sozinhos. Mesmo pressupondo a existência de Deus, somos nós os únicos responsáveis pelo nosso destino. A PNL ajuda-nos na tomada de consciência das estruturas do nosso próprio funcionamento e no emprego dos processos para a realização dos objetivos que nos propomos. Se não fizermos nada, nada acontece. (pode consultar uma lista com alguns dos pressupostos fundamentais da PNL em: http://pnl-portugal.com/sobre-pnl-portugal/pressupostos-da-pnl/)

Resumindo
O mercado está cheio de filosofias e ferramentas para desenvolvimento pessoal, auto realização e para nos ajudar a realizar os desejos formulados no ano novo. Em princípio, qualquer filosofia ou método pode funcionar positivamente desde que se acredite nele, se seja ecológico, e se passe à ação. Acho que a PNL é “Meta” (está a um nível lógico abrangente) em relação a qualquer das correntes que se oferecem. Se estas funcionam, a PNL procura-as e modela-as (recolhe o essencial e retira-lhe a possível “conversa” desnecessária). Assim possui hoje ferramentas que foram modeladas da psicoterapia, liderança, xamanismo, linguística, cibernética, etc. Fundamental, para ser efetiva, é que o praticante se predisponha a integrar os seus princípios e pressupostos destilados concretamente a partir do estudo das estruturas da comunicação. E dentro de todos estes princípios, essencial é a auto responsabilização pelos próprios pensamentos, estados emocionais e comportamentos.

José Figueira

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