Muitos dos que passaram pela minha casa na Rua Senhora do Monte, na Graça,
não a conheceram pessoalmente, a minha vizinha do primeiro andar.
Mas muitos sabem que ela estava sempre presente.
Quantas vezes me perguntaram sobre a música, o barulho:
- Os vizinhos não se queixam?
Quantas vezes eu lhe perguntei:
- Incomodo-a com a música, as centenas de vezes
em que soa "Eu sou uma montanha - o maior do mundo"
as risadas estridentes, até mesmo as batucadas, a dança,
as palmas?
A resposta dela era sempre a mesma:
- Sinto-me só quando o vizinho está na Holanda.
Quando o vizinho está cá na nossa terra, há alegria,
gosto muito da música e
é tão bom ouvir que há gente que dá gargalhadas...
A minha vizinha do primeiro andar faleceu,
mas não há função "delete" na nossa mente.
Ela estará para sempre presente nos nossos encontros...
Ela era muito pequenina, mas na minha memória
uma senhora com os olhos sempre bondosos
sempre sorridentes...
Na minha memória ficam com ela as palavras do poema de Kelly:
Eu sou uma montanha
Eu sou uma árvore alta
Ohhh, eu sou um vento veloz
Varrendo o país
Eu sou um rio
Lá em baixo no vale
Ohhh, eu sou uma visão
E eu consigo ver claramente
Se alguém te perguntar quem eu sou
Apenas levanta-se com orgulho
Olha-o nos olhos e diz-lhe
Eu sou aquela estrela do céu
Eu sou o pico da montanha lá no alto...
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