quinta-feira, 14 de julho de 2005

Escolhas...

Agarrado pelos dentes à haste seca de uma árvore,
um homem baloiça no vazio de um precipício;
as mãos estão atadas e os pés não alcançam a face escarpada da falésia.
Um amigo passa, abeira-se e pergunta-lhe: « O que é o Zen?»

-Se tu fosses aquele homem, que resposta darias?


Quando o voto mais profundo desperta, enche e transborda do abismo do Divino em nós, deixa de haver espaço nas nossas vidas para sermos confundidos pelas escolhas. Ao penetrarmos no mais profundo da nossa alma , deixa de haver espaço para jogarmos com o arbítrio ou com a preferência pessoal. Realizar a verdade do nosso ser é reconhecer que escolhas e decisões são frequentemente falíveis. O vasto campo da liberdade descobre-se na profundidade do nosso próprio destino.
Mas, é evidente, vivemos num mundo onde incessantemente somos solicitados a fazer escolhas e a tomar decisões concretas. As nossa respostas dependem de de quão libertos estamos de ideias fixas, visto que pode ser difícil desligarmo-nos do apego, do desejo e da aversão. É por isso que as nossas escolhas, na sua maioria, não são mais que repostas condicionadas. Em todos os instantes vamos ao encontro de escolhas desconhecidas e imprevisíveis que põem à prova todo o nosso ser.
Assim que acordarmos para a verdade de que a liberdade é a inevitabilidade do destino, e que a inevitabilidade da natureza cósmica é a mãe da nossa liberdade, então deixará de haver interferências da mente humana. E perceberemos que a verdade da causa e efeito cumpre-se de agora-a-agora.

"No caminho aberto", mestre Hôgen Daidô

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