quinta-feira, 8 de dezembro de 2005

Pensando na Yola, um dia único, total, histórico, abençoado

Deixai-me partilhar também um momento único para mim...
pois hoje a Yola fez recordar-me o significado profundo da palavra “mãe”!
Em cada um de nós sobem imagens de bênçãos na memória para partilhar,
Em cada um de nós, sempre à sua própria maneira e de acordo com as suas próprias recordações...
Pois eu quero homenageá-la também à minha própria maneira!

Para mim, o significado da palavra mãe nunca foi tão intenso como o cantado por Bertolt Brecht (1898 – 1956) na metáfora “A mãe Coragem e os seus filhos”, a mãe que sobrevive com os seus filhos a 30 anos de guerra, que odeia a guerra, mas para quem a sua única forma de sobrevivência é a guerra.

Dois poemas de Bertold Brecht, duas metáforas, infelizmente metaforicamente actuais:

Die Geschichte von der Mutter Courage

Era uma vez uma mãe
Conhecida por "Mãe Coragem"
Ela andou na Guerra dos Trinta Anos
Como vendedeira através do País.

Ela não tinha nenhum medo das guerras
Apenas queria o seu quinhão,
Levou os seus três filhos consigo
Para que eles também por algo lutassem.

O mais velho caiu, por ser um herói,
O segundo por ser demasiado valente,
A filha tinha um coração bondoso em demasia
Ao encontrar uma bala no seu caminho.


E a grande mensagem da Mãe Coragem:

Das Lied der Mutter Courage

Meu Tenente, deixe descansar o tambor,
E mande parar a sua tropa:
Aqui vem a Mãe Coragem, que traz os sapatos,
Que lhes irão permitir correr melhor.
Irão marchar para o campo de batalha
Com os seus piolhos, parasitas,
Mochilas, canhões e parelhas,
Por isso precisam de bons sapatos.
Chega a Primavera. Acordem, por Cristo!
A neve vai derreter. Os mortos descansam.
E quem ainda não morreu,
Tem de enfiar agora as meias.

Meu Tenente, a sua gente não pode
Sem salsichas marchar para a morte...
Deixe que a Mãe Coragem lhes cure com vinho
As necessidades do corpo e do espírito.
Canhões contra estômagos vazios,
não é saudável, meu Tenente!
Daqui a pouco, já estão satisfeitos, têm a minha benção,
Pode então conduzi-los para o abismo.
Chega a Primavera. Acordem, por Cristo!
A neve vai derreter. Os mortos descansam.
E quem ainda não morreu,
Tem de enfiar agora as meias.
*
Obrigado Yola, por seres Mãe e assumires o teu papel de mãe.
José Figueira

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