quinta-feira, 20 de abril de 2006

Ainda que o chicote
Açoite o meu dorso,
Ainda que eu não pressinta
A sua presença, o seu dote...
É no momento que me contorço,
Que ele me corta, para que sinta!

E posso inclinar-me,
Virar-me à esquerda ou à direita...
Tomar silenciosamente esta dor!
Contorcer ou rebeliar-me...
E seja qual for a escolha feita
Ainda sou Cavalo, de uma raça e cor...

Terei horas que sou excelente...
Pois sinto o chicote, ainda que distante!
Outras horas terei que sou razoável...
Vejo-o, ouço-o e desvio-me na sua frente!
Noutros momentos não serei bastante
E o açoite, corta, não é amável...

E outras haverá ainda em que mau serei...
Pois deixei-o cravar-se na minha pele!
Entranhar-se na minha carne ensanguentada...
E nessas horas também aprenderei
Que a dor abrupta, fria e cruel
É só o outro lado de uma verdade procurada...

Yola 2006/04/20

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