domingo, 28 de maio de 2006

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SAUDADE

Quis perguntar ao suspiro da noite escura
Quis responder à eterna luz da lua
Mas ceguei-me com essa luz tão pura
E enxerguei somente a noite nua

Busquei-a nas fontes da aldeia
Procurei-a nos bancos da capela
Achei-a numa hora tão feia
Encontrei-a a olhar pela janela

Soltei as amarras das montanhas
Subi ao monte e gritei ao mundo
Todas as minhas batalhas já ganhas
Mas não passou de um grito profundo

Desci sem medo nem pavor
Da selva que encontraria depois
Senti então a solidão e a dor
Do que é ser como vós sois

E na raiva imponente de todos os selvagens
Trepei pelos animais e das árvores fugi
E pegando na lança feita de margens
Apontei uma vingança contra ti

Chorei pelas chuvas tempestuosas
Gritei pelos trovões do meu castigo
Quiz calar rochas que caiam monstruosas
Mas só esta saudade esquecer não consigo

Eram gritos de solidão em minha memória
Ouvia-se a consciência na doce voz da ignorância
A contar uma eterna e louca história
De matar esta minha saudade de ser CRIANÇA!

Yolanda - 1987

Fui incapaz de lhe tocar... E afinal, nunca deixei de ser criança - ela existe em MIM!

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