sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Caro Dr. José Figueira: Inspirado na PNL escrevi o artigo que se segue para um jornal. Cumprimentos.
Carlos

Restrinja o «Não» aumentando o «Sim»

A linguagem tem uma influência decisiva nas nossas vidas. Ao que consta, proferimos em média 20000 palavras por dia (bem, os tagarelas estão bem acima da média!), que têm um efeito directo nas nossas funções biológicas e psíquicas.
Jairo Manchila, Nelly Penteado e Maria Helena Lorentz (esta última com um artigo excelente, intitulado Porque evitar o «NÂO» e a linguagem negativa, acessível em www.golfinho.com.br) advertem-nos acerca influência da aplicação do advérbio de negação «não» na linguagem quotidiana.
Imagine que eu lhe peço para não pensar num limão. Em que é que você pensou? Ora: num limão! Isto porque a nossa mente não consegue, neurologicamente, imaginar a negação. A negação só existe na representação simbólica e não na experiência primária. Há até a tendência para fazer aquilo que se negou, porque a mente faz a imagem, e fixa-se no que vem depois do «não». Por isso é que convém substituir frases negativas por positivas. Em vez de dizer: «Não entres em pânico», experimente dizer: «Fica calmo». Substitua «Não quero engordar» por «Quero emagrecer». Em vez de dizer «Não te esqueças de…», prefira «lembra-te de…». E tantos, tantos outros exemplos da nossa vida diária!
O «nunca», o «evite» e as formulações negativas em geral têm o mesmo efeito do «não». O leitor muito provavelmente lembra-se daquela advertência aos condutores, que é: «Se conduzir não beba». Ora bem: pela positiva teríamos uma formulação do tipo: «Se conduzir mantenha-se sóbrio.» Outro exemplo: conhece aquelas portas onde existe um letreiro que diz: «Proibida a entrada a pessoas estranhas ao serviço»? Proponho que se mude a mensagem para: «Só é permitida a entrada a pessoas do serviço.» Experimente agora, neste momento, caro leitor, colocar na positiva aquela frase também muito conhecida: «Proibida a entrada a menores de 18 anos.» Muito fácil, não é?
Devemos abolir o «não», riscando-o do dicionário? Claro que não! O que importa é aplicar um «não» funcional. Vejamos o exemplo de um «não» funcional. Quando um professor diz aos alunos: «Isto [uma determinada matéria a leccionar] ainda não é fácil», esta é uma frase motivadora, porque antevê que a matéria seja fácil em breve.
No que diz respeito às crianças, a diminuição do «não» harmoniza-se com a postura de pais afectivos, democráticos e não-indulgentes. Toda a criança, como se sabe, tem necessidade de limites, como também de uma linguagem positiva que lhe abra progressivamente alternativas, flexibilidade de comportamento e leque de possibilidades de acção. Imagine que o seu filho lhe pede para ir ao cinema, e você, como pai, não deixa. Tudo bem. E que tal experimentar dizer-lhe: «Não vais ao cinema, mas vamos amanhã a um passeio». Você aqui colocou limites, e o «não» aqui é funcional porque abre para uma alternativa, que é até reforçada, uma vez que se apresenta a seguir ao «mas»: a de dar um passeio.
Carlos da Luz

1 comentário:

Anónimo disse...

Boa tarde:)
Pode-se saber de que jornal estamos a falar?
Merci.