O valor do «Sandwich Feedback»
no ensino-aprendizagem
Dar feedback (ou informação em retorno) significa, «conscientemente, dar informações a alguém sobre o seu desempenho numa dada actividade» (Jairo Mancilha). O modelo do sandwich feedback é muito importante neste particular, e foi desenvolvido por Gregory Bateson, antropólogo, cientista social e linguista britânico. Divide-se em três partes.
Em primeiro lugar, relativamente àquilo que a pessoa fez bem, diga especificamente à pessoa o que fez bem, com um comentário do tipo: «Você fez isso bem… aquilo bem…», enfatizando assim o que funcionou. Focalize-se no positivo, no que resultou. Numa aula, se você disser a um aluno o que ele fez bem, ele fará mais daquilo para a próxima vez.
Em segundo lugar, relativamente à experiência que não funcionou (que ainda hoje na linguagem comum se chama «erro»), diga o que poderia especificamente fazer para obter um resultado melhor (ou o que poderia fazer de maneira diferente para melhorar ainda mais), com uma intervenções do tipo: «Penso que neste ponto você poderia fazer melhor assim…».
Por último, faça um comentário geral positivo do tipo: «No geral foi um esforço importante…» ou «No geral foi uma prova significativa…» ou «Foi uma experiência valiosa». E acrescentamos: «O ponto alto foi…» (indicando aquilo que a pessoa mais acertou).
Em síntese, a estrutura do sandwich feedback é 1) Um comentário positivo específico: «Especificamente fizeste bem…»; 2) Pontos específicos que requerem melhoramentos: «… e pode melhorar especificamente em…»; 3) Um comentário geral positivo no final: «No geral, foi…».
O sandwich feedback deve ser dado nos primeiros cinco minutos, logo após a ocorrência da acção ou do comportamento específico ao qual nos vamos referir.
A nível da docência ─ se algum professor de qualquer nível de ensino estiver a ler estas linhas ─ é altamente aconselhado o emprego sistemático e continuado do sandwich feedback. Ambos, professores e alunos, ganharão. A qualquer professor sugiro: ponha em prática esta técnica simples e… deixe-se espantar com os resultados!
A aplicação do sandwich feedback vai ainda muito para além do contexto do ensino formal ou da formação. Uma proposta interessante é a aplicação do sandwich feedback em toda a aprendizagem (que, como sabemos, desenrola-se ao longo da vida) e nas situações mais variadas do quotidiano: quando, por exemplo, for ensinar alguma coisa ao seu filho (e quem ensina também aprende, sempre!), explicar algo a um amigo ou colega de trabalho ou mesmo dar indicações na rua a um desconhecido.
Se é você que está a aprender de outro uma qualquer técnica ou procedimento, e essa outra pessoa ainda não conhece o sandwich feedback e diz-lhe: «Erraste aqui» ou «Fizeste isso mal» (ou até pior… expressões de ‘botabaixismo’ que ainda alguns utilizam), sugiro que reformule cordialmente o que a outra pessoa lhe diz, verbalizando assim: «Ah, sim, queres dizer que preciso melhorar neste aspecto, não é? Muito bem! Obrigado». Pense nisto.
Carlos da Luz
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