quarta-feira, 30 de abril de 2008

O Direito à Normalidade

Você é normal?

"Sinto-me perdida." -Confessou-me uma amiga que estava a passar pela crise da meia idade - "Não fiz nada da minha vida além de sobreviver, seguir o curso normal da vida, como todos fazem. E agora, após 40 anos, chego à conclusão de que o normal não é necessariamente o melhor.
Estudei, consegui um bom emprego, casei-me, tive os meus filhos, segui os trilhos da vida da forma como meus pais haviam feito, tal como meus amigos estavam a fazer, enfim, tive uma vida normal. Esperava chegar aos 40 satisfeita, depois de anos de esforço contínuo para manter minha vida dentro dos "níveis de normalidade" - um casamento equilibrado, uma carreira em ascensão, filhos saudáveis, boas relações sociais - mas estranhamente, não é isto que sinto por dentro.
A separação foi o "gatilho" para que eu parasse e pensasse no que eu tinha construído ao longo de todos estes anos.
A conclusão não poderia ter sido pior... Não construí nada, não realizei nada de concreto, apenas administrei a minha vida dentro da responsabilidade que tinha em relação a mim mesma e as pessoas à minha volta, passei a vida a administrar a inércia.
Criei os meus filhos da melhor forma que pude, fui e continuo a ser uma boa funcionária na empresa em que trabalho há 20 anos, mantenho os mesmos amigos desde a época da faculdade, tenho boas relações com a vizinhança, participo de projectos sociais, sempre fui uma boa esposa, fiel e dedicada, no entanto o casamento foi o primeiro a ser deteriorado pela inércia.
Meu ex-marido também mantinha o mesmo padrão de comportamento, a união não suportou tamanha desatenção.
Os meus filhos estão a começar a pensar na vida fora de casa.
Os meus colegas de trabalho, muito mais jovens, já não me pedem mais ajuda, não há nada que eles saibam menos do que eu. Não estou a fazer um melodrama, não estou a reclamar da vida, apenas estou a pintar um quadro da minha situação actual.
E aposto que muitas pessoas da minha idade estão a passar por isso também.
Da mesma forma, vejo jovens de 20 e poucos anos que, infelizmente, terão o mesmo futuro.
Há 20 anos eu poderia ter tomado um outro rumo na minha vida, tornado-a interessante, diferente, única, mas naquela época eu só queria era ser normal.
Vi colegas abandonarem a faculdade para seguir um sonho, outros dedicarem-se acima da média aos estudos e tornarem-se pessoas de destaque, no entanto, todos os que preferiam ser normais como eu, tiveram, na sua maioria, o mesmo destino.
Hoje, ao ler o livro de minha amiga Fran, penso que se tivesse a oportunidade de planear a minha vida desde o início, de definir objectivos de longo prazo, minha vida teria sido muito diferente.
Não fiz nada porque não sabia o que queria fazer, não sabia que poderia definir objectivos e tentar alcançá-los, os meus objectivos foram no máximo os profissionais, que também não me levaram muito longe, pois eu não sabia planeá-los.
Ter objectivos definidos e planeados foi o que faltou na minha vida, o que me poderia ter me tirado da inércia e feito com que eu construísse algo de facto.
Sem eles, senti-me perdida durante toda a vida, e o que me consolava era a segurança de saber que o que eu estava a fazer era normal, pois toda a gente fazia a mesma coisa.
Mal sabia eu que o mundo está como está por causa destas pessoas "normais" que nada fazem para mudá-lo, que preferem criticar a pôr a mão na massa e tentar melhorar o lugar em que vivemos.
Se eu pudesse voltar 20 anos atrás e viver tudo de novo, planearia a minha vida nos mínimos detalhes, definiria grandes objetivos, não perderia tanto tempo com disparates, brigas, televisão, não encararia feriados e férias como uma boa oportunidade para não fazer nada, com a "nobre desculpa" de estar a descansar, preocupar-me-ia em construir algo que pudesse ser aproveitado pelas futuras gerações, preocupar-me-ia em fazer a diferença e não em ser mais um ser humano comum que só suga o que esse mundo tem a oferecer, mas nada cede, nada constrói.
Enfim, a única coisa que eu não gostaria de ser era "normal", pena é que essa parece ser a única preocupação dos nossos jovens..."
Você identificou-se com a estória da minha amiga? Você possui a "síndrome da normalidade"?
O que está você a fazer para tornar a sua vida interessante e única?
Saiba que nunca é tarde demais para mudar!
Fran Christy

1 comentário:

Ricardo Ferrão Vilaverde disse...

Obrigado Isa, esta história é um verdadeiro "põe-te a mexer!", ou, como disse simplesmente um mestre de Yoga que conheço, "life is short!"