terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Trégua de Natal em plena Primeira Guerra Mundial

Foi num inverno do ano de 1914, Primeira Guerra mundial, numa batalha onde alemães haviam cavado uma enorme trincheira de um lado, e franceses e ingleses do outro. E daqueles largos buracos lamacentos eles atiravam, uns contra os outros, e muitos morriam diariamente.
Passaram-se dias de batalha até que os sons de tiros e explosões cessaram. Era natal. Uma estranha calma reinava. Os ingleses que observavam com binóculos a trincheira alemã, presenciaram uma inusitada surpresa: - os alemães estavam pendurando árvores de natal e muitas velas sobre sua trincheira, de maneira que os ingleses pudessem ver. Ouviram então os soldados alemães cantando "Noite Feliz".
Não demorou muito para que um enorme coro pudesse ser ouvido de todos os lados e em três idiomas simultâneos cantando "Noite Feliz", em inglês, francês e alemão. Cada exército na sua trincheira, a cantar no seu idioma.
Surgiram, algum tempo depois, placas levantadas da trincheira alemã com dizeres em inglês ruim: “You no fight, We no fight” (Vocês não lutam, nós não lutamos).
Do outro lado, na trincheira inglesa, surgiram placas com “Merry Christmas” (Feliz natal), assim se seguiu com várias placas de ambos os lados surgindo com felicitações de natal.
Um trégua mais que espontânea havia sido travada de maneira nunca antes vista. E não parou por aí: oficiais apresentaram-se, trocaram apertos de mão e presentes e, de uma maneira fora de controle, ninguém mais estava nas trincheiras. Todos os, até então inimigos, estavam juntos na terra de ninguém (espaço conhecido entre as trincheiras) conversando, bebendo cerveja, celebrando o natal, contando piadas, até que surgiu uma bola e começaram a jogar uma partida de futebol com 60 jogadores de cada lado: alemães e ingleses (Diz-se que os alemães ganharam por 3×2).
Essa trégua-confraternização espalhou-se por toda a trincheira. A guerra parecia ali não ter mais possibilidades.
Fotos impressionantes tiradas nesse dia, como esta acima, ficaram para uma emocionada posteridade. Soldados ingleses e alemães juntos em confraternização.
Essa trégua surreal  prolongou-se por vários dias. Os soldados de ambos os exércitos trocaram presentes, cartões de natal e cartões postais; trocaram cartas que deveriam ser entregues a entes queridos que estavam a morar no país inimigo, e fizeram amizades.
Os generais dos exércitos não gostaram nem um pouco do que estava acontecendo quando descobriram. Logo sérias ordens, sob pena de morte por traição, caso descumpridas, deveriam ser cumpridas: a batalha devia recomeçar e assim teve que ser feito - cada exército voltou para sua trincheira e começaram a atirar uns contra os outros. Estranhamente as balas de ambos os lados não passavam nem sequer perto do “inimigo”. Todos estavam desperdiçando munição, atirando acima do “inimigo” para não acertar nele.
O alto comando chegou à conclusão que aquela batalha jamais iria acabar se aqueles soldados continuassem ali. Ambos os exércitos substituíram os soldados e só assim a batalha pôde ter continuidade. Foi erigido nesse local um marco, para lembrar a emocionante “Trégua de Natal” que houve em 1914.

4 comentários:

José Figueira disse...

Segundo Lucas Derks (Panorama Social), um militar em guerra, um polícia malhando “rebeldes” ou um criminoso, só pode agir dessa forma se eliminar características humanas ao “terrorista”, aos agitadores, às vítimas, de modo a despersonalizá-los. No momento em que reconhecemos características humanas no outro (capaz de percepção sensorial externa e interna, uma localização mental, capacidades, motivação e perspectiva, sensações e emoções, auto-consciência, ligação espiritual, raízes sociais, razoabilidade e um nome) a barbaridade torna-se impossível. “Sociopatas” só podem existir devido à sua incapacidade de ver os outros como seres semelhantes (Greenspan 1997).

Henrique Oliveira disse...

Em 1914 ainda era a brincar! o pior veio a seguir em 1918 em La Lys , França com as tropas portuguesas a tombarem feridos de morte ao som da artilharia alemã e das metralhadoras, varreram as trincheiras portuguesas. Conta-se que o “soldado milhões”, Transmontano de naturalidade, de pé com a sua metralhadora em punho, temendo pela vida, eliminou uma coluna de alemães que o atacavam, embora ligeiramente ferido, vagou sem destino pelo campo de batalha, meio perdido mas sem inimigo á vista, foi encontrado num pântano em estado de confusão pelo médico de uma coluna Inglesa que passava na altura. O “soldado milhões” sobreviveu e regressou a Portugal, com este feito reconhecido pelos General Fernando Tamagnini Comandante do Corpo Expedicionário Português em França e também pelo o inimigo da epoca, os Alemães afirmaram parecer terem sido atacados por um Regimento Inglês!!

José Figueira disse...

Aliás, sabiam que em Massachusetts, os governantes, num determinado momento, quiseram acabar com os filmes reais de cowboys na cidade. Foi decretada a proibição de disparar nas povoações,à excepção de disparar contra lobos e... índios.

Dr. Zimbardo (Professor na Universidade de Standford)descobriu que o "crime" (legal ou ilegal) só pode existir quando a vítima é representada mentalmente pelo criminoso como: não tendo auto-consciência nem perspectiva e como sendo incapaz de ter sentimentos.

Anónimo disse...

Jose Figueira,

Sou do Brasil, neto de Portugueses. Me lembro desta parte da Historia com 06 anos de idade, pois em 1983, o Paul McCartney fez uma musica (Pipe of Peace)e quando a ouviamos, meu pai, historiador, me explicava sobre o respectivo acontecimento historico.

Os alemaes deram muita sorte, pois se Afonso de Albuquerque fosse contemporaneo a aquela epoca, ele teria eliminado todo o exercito alemao, invadaria a Alemanha transformando essa numa colonia portuguesa...haha...abracos!

Ricardo M