quarta-feira, 31 de outubro de 2012

PNL e Objetivos (parte II)

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Revista mensal online de Programação NeuroLinguística
Ano 2 – Nº 10, NOVEMBRO 2012
PNL e objetivos (parte II)
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Não basta pegar e ler um livro ou seguir uma formação e ouvir sobre uma receita para atingir o sucesso e a felicidade. Uma boa receita de cozinha só funciona no contexto próprio: na cozinha. Quando se trata de seres humanos de carne e osso, com produtos químicos a circular no seu corpo e que ultrapassam as experiências de laboratório e atingem as subtilidades de sensações para as quais as palavras são inadequadas, a coisa torna-se menos fácil. Tudo começa a tornar-se interessante para mim quando sai do campo linguístico motivacional, das experiências superficiais e das promessas utópicas de soluções rápidas, e sem cair, por outro lado, em extremismos teóricos. Tendo em conta estas premissas, o que podemos acrescentar agora sobre Objetivos?


Resumo “PNL e Objetivos” de junho de 2012
(clique aqui para ler "PNL e Objetivos (parte I")

PNL começa pela abordagem do que se quer no futuro. É o que pode dar maior garantia para chegar a qualquer parte. PNL é uma metodologia direcionada a soluções. Daí a concentração nas ferramentas e em toda a sua tecnologia para facilitar a mudança. E por isso começa, em geral, por definir as condições para maior sucesso na obtenção dos fins. O estudo da nossa estrutura e estratégia mental de funcionamento tem como objetivo aplicar essas regras na realização do que nos propusemos alcançar.

Sempre que desejamos qualquer coisa deparamo-nos com o tema da motivação. Daí a importância que é dada em PNL à questão das convicções e dos valores. Imediatamente somos confrontados com o problema fundamental: muitas vezes queremos e não queremos! Há valores em conflito que nos consomem as energias e se afiguram como blocos impedindo a realização de objetivos seguidos de toda uma trama consequente de conflitos interiores e intranquilidade com resultados de ordem psicossomática.

Outro aspeto neste assunto dos objetivos consiste no seguinte: a origem de batermos com a cabeça contra a parede reside no facto de não querermos bater com a cabeça contra a parede. Quer dizer, o ser humano, por razões de sobrevivência, está mais concentrado no perigo e do que não quer, do que em atingir os objetivos que quer. O que faz que seja mais fácil realizar-se o que não queremos. A tomada de consciência e aceitação deste processo natural da vida (a focalização no perigo, na dor, é talvez mais funcional que todas as tentativas desesperadas de não pensar nisso e esforçar-se desesperadamente por ter pensamentos positivos).

Em última instância, no meu entender, o perigo não reside no pensamento negativo em si. O perigo reside em levar qualquer pensamento a sério! Esquecermo-nos de que pura e simplesmente se tratam de pensamentos… A consciência disto dá-nos flexibilidade e ajuda-nos a atingir o que realmente queremos de forma muito mais fácil.


Um modelo já clássico, o SMART

Muito conhecido no mercado, para definição de objetivos, é o modelo SMART. Já tenho encontrado as diversas letras com diversas interpretações mas em grandes linhas, por ordem, referem-se ao seguinte:

Objetivos eSpecíficos: claros em relação ao que, quando e como a situação deverá mudar ou sobre o que se quer;
Mensuráveis: muitas vezes traduzidos na capacidade de identificar alvos e benefícios;
Atingíveis: referindo-se à capacidade de realizar os objetivos, ao conhecimento dos recursos e das competências à disposição;
Realísticos no que diz respeito ao nível de mudança refletido no objetivo;
Temporizados, quer dizer, definidos no período no qual os objetivos devem ser alcançados.

Pessoalmente não gosto do “realista” nem do “atingível”. As palavras em si, no meu modelo do mundo, sempre me causaram enfado e inércia. Para além de que definir de antemão algo inatingível é, em termos de PNL, uma crença limitadora, e como todas as crenças, uma profecia auto realizável. Mas também já ouvi quem traduzisse o A por “ambicioso”. Parece-me mais motivador.

Se encontrar para cada letra um significado que possa despertar em nós recursos ilimitados, então talvez seja ótimo empregar SMART como mnemónica.


O modelo de Bandler e Grinder

O que diz a PNL sobre objetivos? Não é fácil responder de forma simples pois toda a PNL gira à volta de definir e realizar objetivos.

No respeitante à definição de objetivos é normal falar-se das cinco condições básicas que já foram formuladas na revista de junho sobre este tema:

A definição do objetivo deve ser feita em termos do que se deseja na medida em que uma formulação negativa cria automaticamente uma representação mental do que se não quer, aumentando assim as possibilidades de se receber de presente precisamente aquilo que se não quer.
Deve ter provas de evidência e daí a necessidade de formulação em VACOG (em termos sensoriais). Deve estar contextualizado (onde e quando se quer atingir o objetivo).
É necessário, para além disso, que esteja sob controlo próprio (subdivida-o, investigue os impedimentos que geralmente são constituídos por convicções limitadoras; se necessário procure alguém que já tenha atingido o que você quer atingir e modele-o).
Finalmente, é importante que o objetivo seja ecológico, quer dizer, não tenha consequências indesejadas para si ou para o meio à sua volta.


Sobre “significado”

Muitas vezes não estamos conscientes que qualquer objetivo retira o seu significado de um objetivo mais abrangente. Se uma pessoa quer um título universitário, fazer uma viagem, comprar um novo carro, casar-se e ter filhos, publicar um livro, seja o que for, o significado reside para além da meta que se propôs atingir.
Se não for esse o caso, a pessoa, ou não se encontra suficientemente motivada ou fica rapidamente desiludida após a realização do que se propôs e parte sôfrega para um novo plano. A sociedade de consumo tem os seus alicerces neste fenómeno.

A falta de consciência do objetivo maior pode também levar a pessoa a um investimento numa área que acarreta um esforço desnecessário.  


Mais uma vez, a questão dos valores

Aquilo que nos move é o desejo de realizar significados que nos dão prazer ou evitar o que nos possa causar dor. Em PNL falamos de "valores". Atingir objetivos é realizar valores, os quais estão organizados de forma hierárquica. Há sempre algo maior e mais importante a atingir, o que nos facilita a vida, pois assim podemos estabelecer prioridades. O problema põe-se quando dois valores têm o mesmo significado emocional impedindo uma escolha, ou quando um valor é o reflexo de um passado traumatizante que nos leva a direcionarmos a nossa vida para o que não queremos que nos volte a acontecer, o que desgasta energias e favorece o padrão de realização daquilo que precisamente se não deseja.

A inconsciência destes processos mentais que nos movem, acarretam prejuízos psíquicos e físicos enormes. Sentimos contradições no que desejamos ou esforçamo-nos até à exaustão para realizar o que pensamos que queremos ou ficamos paralisados por não saber para onde queremos ir. E, ainda por cima, carregamos muitas vezes às costas objetivos, significados, valores, que sentimos que não são verdadeiramente nossos.


As preferências naturais

Para além dos valores, outro aspeto de que talvez ainda tenhamos menos consciência, são as nossas preferências naturais. Se eu escrevo com a mão direita, certamente que posso aprender a escrever com a esquerda. Mas para quê esta perda de tempo, esforço e desgaste?

Para saber o que quero e como o posso atingir de forma mais fácil e em que me sinta em harmonia comigo, é necessário conhecer se sou uma pessoa de ação ou dou preferência à reflexão; se gosto de trabalhar sozinho, numa equipa ou como líder; se me interesso mais por pessoas, coisas ou sistemas; se dou a preferência a ideias, grandes linhas e planos ou detalhes; se me oriento mais por mim ou tenho tendência a ter em conta os outros; se me sinto mais confortável em atividades planeadas ou lido melhor com o imprevisto; se decido com mais facilidade racionalmente ou prefiro ter em conta a sensação, etc.

Falamos aqui do que chamamos “metaprogramas”. Os metaprogramas e os valores estão na base dos objetivos que desejamos. O sucesso da sua realização depende do nosso grau de congruência tanto com os valores como com os nossos metaprogramas naturais.


O que quero realmente na vida

A pessoa que sabe o que anda cá a fazer, que conhece a sua razão de estar no mundo, possivelmente até não precisa desesperadamente de muitas técnicas de formulação de objetivos, nem de ler muitos livros de autoajuda e frequentar obstinadamente cursos. Ela acaba por encontrar mais facilmente o seu caminho.

O importante é poder responder mesmo à pergunta: - Porque é que estou aqui ou qual é o meu significado de vida? Isto é o essencial e então, a partir daqui, todas as ferramentas só nos podem facilitar ainda mais o caminho. A dificuldade reside muitas vezes em encontrar esse objetivo último a partir do qual possamos definir os principais campos onde nos concentrar e as coisas a realizar que possam obedecer à nossa própria definição de sucesso e significado.


A pergunta milagre

Steve de Shazer (1940-2005), que desenvolveu a terapia focada nas soluções, criou no começo dos anos 80 a chamada pergunta milagre. Não só a terapia breve desenvolvida por Shazer, como sobretudo esta pergunta, são utilizadas frequentemente por muitos praticantes de PNL:

-Imagine que, depois de um dia de atividade, vai para a cama. Enquanto dorme acontece algo de estranho e especial. E claro, como está a dormir não nota o que se passa. Enquanto dorme acontece um milagre, pelo qual todos os problemas com que se depara neste momento estão resolvidos. Sabendo que não conhece o que aconteceu, o que há de diferente, de manhã ao acordar? Como se dá conta que aconteceu um milagre? Se filmássemos o milagre e o comparássemos com a situação antiga, o que notaria de diferente?

Muito facilmente se pode adaptar esta pergunta aos objetivos de vida.


Mais formas para descobrir o que se quer

Esta pergunta milagre faz-me lembrar a lâmpada de Aladim. Peça ao génio da lâmpada, não que realize, mas que lhe revele a sua razão de ser. Esfregue a lâmpada. Ouça resposta.

Há uma metáfora macabra que se utiliza muito como ajuda para encontrar a razão por que está aqui. A pergunta é: - O que gostaria de deixar escrito na sua lápide?

Mais simpática é a metáfora do museu, de John Strelecky (1969-), autor de “The Big Five For Live”:
- Imagine que no fim da sua vida é mandado erigir um museu em sua memória. É um museu em que se pode ver tudo o que você fez na sua vida. Um museu cheio de salas. Há uma sala para cada dia da sua vida. Acha que será um museu interessante que vai atrair muita gente? Ou é um museu altamente aborrecido em que cada sala é igual à outra?

Muito conhecido é o modelo dos níveis (neuro)lógicos de comunicação da PNL. Qualquer resultado, ação, meta, projeto, comportamento, é determinado e encontra o seu significado no mais alto nível lógico, chamada a missão ou espiritualidade. As perguntas aqui são:
- Para quê? Com que fim?


O que oferece a PNL

Disse acima que toda a PNL é sobre objetivos. Na verdade. Ela oferece-nos modelos para descobrirmos, não só como fazemos o que fazemos (por exemplo: modelo de comunicação, níveis neurológicos, sistemas de representação, submodalidades, estratégias), quem somos e o que queremos (valores e convicções, partes, metaprogramas, história pessoal, etc.), como formular o que queremos (TOTE, chaves de formulação de objetivos, ecologia…), assim como ferramentas para realizar o que queremos (mapping across, âncoras, reenquadramentos, posições percetivas e rapport, modelagem, terapias na linha do tempo, instalação de objetivos e pontes para o futuro, etc.).


À maneira de conclusão

Espero que estes dois artigos que publiquei sobre objetivos, o de junho e o de agora, nos tenham inspirado. Que tenhamos podido encontrar algo que nos ajude, se ainda não o fizemos, a traçar o caminho que nos leva à realização do que é verdadeiramente fundamental para nós. Ou que nos tenha ajudado a prosseguir no caminho que já traçámos…

Pode haver tempestade,
a força do mar pode galgar os diques,
a estrada estar inundada
e o objetivo, por agora, parecer inalcançável…
Pode haver seca
e a sede fazer com que as palavras
fiquem presas na garganta
e fogos ateados circundantes a atemorizar
a fragilidade dos esquilos…
Podemos imaginar carrascos barrando-nos o caminho
ou até ficar cegos pela luz do sol estonteante nos areais do deserto…
A bússola pode estar perdida
e as estrelas apagadas
mas nunca aconteceu que um dia não se seguisse à noite…
Nunca aconteceu que, inesperadamente,
não nos encontrássemos perante uma janela aberta!

J. F. (30/10/2012)


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