quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Ciência e Arte da PNL (revista dezembro 2012)

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Revista mensal online de Programação NeuroLinguística
Ano 2 – Nº 11, DEZEMBRO 2012
Ciência e Arte da PNL
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Esta revista aparece no momento do lançamento do meu livro “Ciência e Arte da PNL”, uma obra que espero possa contribuir para a dinamização do conhecimento e desenvolvimento da Programação NeuroLinguística em Portugal, cujo pré-lançamento terá lugar nas nossas instalações no Estoril a 1, 2 e 3 de dezembro


Um título popular

Imagine que pensa ter comprado um carro que ninguém mais possui e logo descobre que todo o mundo teve a mesma ideia. Quando há tempos atrás fui investigar na internet sobre “Ciência e Arte da PNL”, deparei-me com inúmeras páginas de livros e artigos com o mesmo título.
 
Só uma amostra:
A arte e ciência do coaching, dos negócios bem-sucedidos, de ser inspirador e influenciar pessoas, das vendas, da comunicação efetiva, da comunicação consigo e com o outro, da excelência pessoal; a ciência e arte da vida, da sedução, da persuasão, da excelência; a ciência e arte para convencer os seus semelhantes, para fazer diferente, para se atingir o que se quer, para atingir objetivos; a ciência e arte da modelagem de pessoas de sucesso, da linguagem na cura, do desenvolvimento pessoal, das técnicas para a mudança...
Já tive quem viesse aos meus cursos para aprender a ciência e arte para levar os outros a fazerem o que elas querem!
 
 
Os hemisférios cerebrais
 
Ciência e Arte são termos que no meu livro emprego metaforicamente não pretendendo de qualquer forma referir-me aos possíveis significados tradicionais destas palavras. Neste contexto, quando penso definir a PNL, vêem-me à ideia as características dos dois hemisférios cerebrais.
Em PNL pretende-se encontrar o equilíbrio entre o consciente e o inconsciente, a ciência e a arte, o objetivo e o subjetivo:
- Por um lado temos o pensamento lógico, verbal, descritivo, amante de definições e extraindo conclusões baseadas na razão, analítico, linear, sequencial e controlador, com o seu fundamento no mundo empírico;
- Por outro lado temos o campo da intuição e do sentimento, do acaso, das imagens e da fantasia, conclusões muitas vezes divergentes e criativas, o não-racional, metafórico e holístico.
 
 
Ciência e PNL?
 
Frente ao crescente apoio do grande público e talvez até pelo próprio interesse e prática de pessoas formadas nas universidades, as acusações à PNL como pseudociência e o ceticismo do mundo académico parecem, em grande parte, ter-se acalmado. Segundo Steve Andreas, o maior número de investigações científicas com o intuito de desclassificar a PNL foram feitas nos anos 80 e 90 do século passado, com perguntas erradas e por pessoas que não compreenderam o assunto.
 
As críticas que ainda surgem giram sobretudo à volta de uns pontos básicos tais como o emprego indevido da palavra “neurolinguística” e a falta de provas empíricas rigorosas baseadas em estatísticas sobre os efeitos das intervenções. Para além da crítica clássica a um comercialismo sempre crescente.  
 
 
A confusão
 
Outros aspetos parecem ter favorecido as críticas do mundo da ciência: Os próprios praticantes da PNL ligam teorias e atividades com características new age à Programação NeuroLinguística, tais como reiki, reflexologia, clarividência, cura por cristais, aromaterapia, leitura da aura, contratos divinos, e uma série de outros métodos semelhantes, o que a desacredita. Não tenho nada contra cada uma delas em particular, mas isto é feito sem ser modelado e está muitas vezes em contradição com os axiomas que formam a base da epistemologia da Programação NeuroLinguística.
 
Por outro lado, com todo o respeito e reconhecimento para com os seus autores Bandler e Grinder, não há mundialmente nenhuma autoridade que nos diga o que é PNL e o que não é.
 
E ainda por cima, desde o começo, há em PNL uma certa desconfiança em relação ao mundo da ciência e ainda se fazem às vezes, publicamente, criticas à psicologia como se não tivesse acontecido nada desde 1970 até aos nossos dias.
 
 
Ciência e Arte
 
Segundo James Lawley e Penny Tompkins, a PNL é "Arte" porque cada pessoa é única. Cada um de nós tem as suas habilidades e estilo pessoal e esse estilo próprio é o carimbo que não pode ser contido numa técnica. E PNL é "Ciência" porque possui um método para investigar padrões subjetivos e transformar esses padrões em técnicas parecidas a receitas que se podem repetir com vistas à produção de resultados efetivos e semelhantes. Se, na verdade, esses resultados não têm sido investigados cientificamente, eles são, no entender dos praticantes de PNL, facilmente testemunhados e passíveis de serem testados, confirmados ou falsificados. Obedecem assim ao critério de “falsificação científica” do racionalismo crítico de Popper.
 
Aliás, pelo que sei, nenhuma figura eminente da PNL pretendeu o estatuto de ciência. Alguns especialistas afirmaram mesmo que o estudo da subjetividade não pode ser estudado segundo as regras da testabilidade científica.
 
No mundo da PNL os seus praticantes parecem achar suficiente e estarem satisfeitos com as provas trazidas pelos seus clientes, o que acontece no mundo através de todas as culturas. Qualquer estudioso e praticante afirma e demonstra a efetividade e sucesso da transformação tanto a nível pessoal como nas aplicações, seja no ensino, na saúde, ou no setor empresarial e organizacional.
 
 
PNL e investigação científica
 
Quem afinal parece estar a trazer provas científicas para o que se vem afirmando em PNL há quase 40 anos, são os investigadores em psicologia moderna e neurociência:
 
- Já foi demonstrada a eficiência da “dissociação" no tratamento do transtorno de stresse pós-traumático (Ethan Kross and Ozlem Ayduk). A dissociação é uma ferramenta essencial em PNL
- Em Tel Aviv, num estudo sobre sobreviventes do holocausto, descobriu-se que a superação do trauma estava relacionada com a forma como as pessoas organizavam a memória do seu trauma (Prof. Dov Shmotkin), o que em PNL forma a base do trabalho conhecido como Linha do Tempo;
- O papel das imagens mentais (representações internas visuais, auditivas e cinestésicas) como preparação para a execução de uma ação bem-sucedida, como descoberto por Barbel Knauper, tem sido largamente aplicada no desporto de alto nível e é a base da “ponte para o futuro” largamente empregue em PNL;
- As pesquisas na neurociência levaram à descoberta dos "neurônios de espelhamento", o que estabeleceu uma base neurológica para o espelhamento não verbal de gestos e movimentos como base para o estabelecimento do rapport e também da modelagem (inside modeling), o que tem sido uma característica chave nos treinos de PNL desde o seu início, como também fundamenta cientificamente as conhecidas posições percetivas;
- Que o stress pós-traumático não seja o resultado direto de uma experiência de infância, mas sim de uma experiência avaliada mais tarde a partir da ressignificação baseada na convicção de que isso traria efeitos nocivos ao longo da vida (Susan Clancy) prova mais uma vez a ideia básica em PNL que o problema não reside nos acontecimentos, mas na sua interpretação;
- O papel das sinestesias (e das submodalidades) foi demonstrado quando se descobriu que as pessoas expressam respostas mais positivas quando seguram uma chávena de café quente em vez de uma fria (John Bargh);
- Nos últimos anos a neurociência tem chamado a atenção para o papel das emoções como determinantes nas nossas decisões, um pressuposto básico em PNL. Para além disso tem tornado claro que o papel do livre arbítrio é muito menor do que julgamos, o que é na verdade o fundamento da PNL que tem como fim ajudar-nos a tomar consciência dos processos subjetivos para que possamos aumentar o controlo sobre nós e as nossas vidas;
- O papel do automatismo inconsciente das nossas representações internas na criação de estados (neste caso, na depressão) tem sido estudado e aplicado na psicologia cognitiva (Mindfulness-Based Cognitive Therapy for Depression), assim como tem sido tornada cada vez mais clara a característica geral das convicções como profecias auto-realizáveis.
 
Para informação sobre investigações no campo da PNL e psicoterapia pode-se consultar a European Association for Neuro-Linguistic Psychotherapy (www.eanlpt.org) . Para apoio a pesquisas relevantes no campo académico pode dirigir-se ao NLP Research & Recognition Project, (http://nlprandr.org/) a que Steve Andreas está ligado e a quem devo parte da informação acima mencionada (http://realpeoplepress.com/blog/research-in-nlp-neurolinguistic-programming-science-evidence).
 
 
 
Sobre o livro “Ciência e Arte da PNL, essências”
 
Como é que criamos as nossas representações mentais do mundo? Como é que as nossas representações do mundo influenciam os nossos estados emocionais? Como é que estes últimos condicionam o nosso comportamento? Como pôr esse conhecimento ao nosso serviço para nos facilitar a vida e nos sentirmos melhor?
 
Esta obra constitui uma introdução à Programação NeuroLinguística que não fica pela rama. Para além da explanação das essências, o leitor encontra elementos para uma maior compreensão desta disciplina, assim como entrevê a possibilidade para futuros aprofundamentos. Página a página o esforço de sistematização do autor contribui para a contínua edificação e desenvolvimento da PNL.
Apesar de serem abordadas diversas ferramentas práticas, "Ciência e Arte da PNL" evita a repetição de técnicas clássicas passíveis de serem encontradas na restante literatura sobre o tema ou até mesmo na Internet.
Trata-se, antes de mais de uma partilha de saber e saber-fazer para pessoas exigentes, e não a publicidade a receitas demasiado fáceis. Ao longo das páginas, o leitor descobre as nuances necessárias com o fim de aumentar as possibilidades para que as formidáveis ferramentas da Programação NeuroLinguística funcionem de forma ótima.
 
Um livro para quem quer conhecer a PNL, mas também para quem a mesma já lhe é familiar. Mesmo quem já frequentou um practitioner, master ou trainer, encontrará certamente, capítulo a capítulo, muito para descobrir…
 
“Obra séria, mas com um subtil grau de humor e de sentido crítico,
pois assim é também a vida.”
Dr. Lucas Derks
 
José Figueira

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