sexta-feira, 29 de outubro de 2004

"O meu pai", uma metáfora da Paula

"O meu pai"
O meu pai é um homem dificil de dizer. Nunca foi bom, nem mau.
Foi sempre muito bom e muito mau.
O meu pai nunca foi ausente, mesmo não estando presente.
O meu pai nunca foi criança, mas soube sempre brincar.
O meu pai é aquele homem de porte severo, de porte recto, que me lê os olhos, mesmo quando eu minto.
O meu pai deixava-me subir para o seu colo e medir forças com ele. Às vezes medíamos as mãos. Outras vezes, os pés. E os dele que eram enormes, foram ficando pequenos, e os meus que eram pequenos, ficaram grandes.
O meu pai era aquele homem que eu olhava com medo de olhar.
O meu pai levava-me a passear.
O meu pai quando eu fiz 7 anos, ofereceu-me um urso de peluche maior do que eu.
Nunca soube dizer, o que por ele sentia. Se o amava ou se o odiava. O meu pai é o meu pai. E é por isso que é apenas meu.
O meu pai foi o meu primeiro amor.
"Vou perguntar ao meu pai."
"O meu pai sabe responder."
"Porquê? Porque o meu pai me disse."
"Vem aí o pai!"
O meu pai explicou-me a vida, pelos olhos dele.
E ralhou-me. E bateu-me.E deu-me a mão. E deu-me um empurrão.
E por vezes , disse-me NÃO.
O meu pai nunca foi criança, embora me contem que um dia nasceu.
O meu pai é um menino, de olhos verdes e cabelos d'oiro, que nunca cresceu.
O meu pai? "E' o amorinho". Que se zanga e que faz birras.
O meu pai tem cinco meninas. Sempre as teve e há-de-as ter.
Não tenhas medo pai, não as podes perder.
O meu pai é muito forte.
Nunca o vi chorar, nunca o vi ter medo. Não sei sequer, se o meu pai é como eu.
O meu pai sabe falar de tudo e já quase que deu a volta ao mundo. E tambem diz baboseiras, e juntos fartamo-nos de rir.
O meu pai é um poeta, que tem vergonha de o parecer e finge não o saber.
Hoje, ele renasce criança - com pouco cabelo e com barba branca. E como sempre, o menino que ele foi, senta-se à mesa com as suas meninas; e milagrosamente, em vez de seis , somos sete.
O meu pai nunca perdeu, mesmo quando o temeu.
Paula Pimentel
Um beijinho para o" meu pai" da sua menina.
13 fevereiro de 1993.
Metafora para o meu pai.
Obrigado pela partilha.
Beijinho da Paula.

(A Paula é uma cursista do actual PNL practitioner em tempo laboral, ao serviço da Clínica TRANSFORM, Emagrecer, Eu consigo!!!, uma clínica que irá funcionar com atenção especial para a área comportamental usando técnicas da Programação Neurolinguística)

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