segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

A construção do Eu

Recolhi este texto do livro do psicólogo e académico americano de origem húngara Mihaly Csikszentmihaly. A tradução francesa tem o título: Vivre-La psycologie du bonheur. Trata-se de uma obra muito esclarecedora sobre a optimização da experiência interior.

Os psicólogos que se debruçaram sobre o tema estimam que o desenvolvimento do conceito de eu e de um projecto de vida se faz por etapas.
No começo, a pessoa busca preservar-se, proteger o corpo e evitar a desintegração dos objectivos fundamentais. Neste estado, o sentido da vida corresponde à sobrevivência, ao conforto e ao prazer.
Logo que a integridade do eu físico esteja assegurada, a pessoa pode alargar o seu horizonte para que o sentido da vida abrace os valores da comunidade (familia, vizinhança, grupo religioso ou étnico). Esta etapa contribui para a complexidade do eu, mesmo se ela implica geralmente a conformidade com as normas ou padrões convencionais.
A etapa seguinte comporta um certo individualoismo reflexivo: a pessoa encontra novas bases para os valores em si presentes, não se conforma mais cegamente aos diktats da sociedade e desenvolve uma consciência autónoma. Neste estado, o principal objectivo da vida está no crescimento ou actualização do potencial.
Na última etapa, a pessoa descentra-se dela própria e busca a integração em valores universais. Neste estado, a pessoa, mesmo já muito individualizada, deseja fundir os seus interesses com os de uma realidade maior, como Siddharta, deixando o rio controlar o seu barco.

Neste cenário, o sentido constroi-se graças a um movimento dialéctico entre o Eu e o Outro.
No inicio, a energia psiquica é dirigida à satisfação das necessidades do organismo, obtendo prazer. De seguida, o individuo dirige a sua atenção aos objectivos e valores da comunidade(...) Terceiramente, a atenção regressa a si.(...) Nesta epapa, o encantamento, mais do que o prazer torna-se a fonte de recompensa. É neste ponto que pode suceder uma mudança de carreira e o desconforto face aos limites próprios: é a crisa da meia idade.
O individuo fica então pronto para a última transformação: a inclusão do seu projecto de vida num sistema mais vasto, podendo ser uma causa, uma ideia, uma entidade transcendental.

Alguem quer fazer comentários numa perspectiva PNL?

2 comentários:

José Figueira disse...

Esta mania terrível dos psicólogos e académicos em tornar as coisas mais longas que o necessário...
Porque não começar logo de pequenino?

José Figueira disse...

Eis um livro actual impressionante que sugiro para quem está interessado em processos, forças impulsionadoras (wMemes) e fases no desenvolvimento de pessoas, organizações e sociedade (de creme - instinto, violeta - mistério, vermelho - sobrevivência, azul – autoridade, laranja - alternativas, verde –sociedade e crescimento, amarelo – complexidade e responsabilidade, turquesa – balanço, a coral - não sabemos ainda .
SPIRAL DYNAMICS, Mastering Values, Ledership and Change
Don Edward Beck e Christopher C. Cown
Blackwell Publishing Ltd, Oxford
Há cada vez no mundo mais centros de formação, consultoria e desenvolvimento pessoal empregando este modelo altamente dinâmico. Em Portugal ainda não ouvi falar, mas vale a pena dar uma vista de olhos.
Quem conhece? Quem quer divulgá-lo?

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