segunda-feira, 5 de julho de 2010

O mapa não é o território e o território somos nós

Podemos ir a qualquer parte à procura da nossa verdade. E possivelmente temos de fazer isso. Podemos sair dum curso para nos inscrevermos no próximo curso. Substituir uma técnica por outra técnica, um professor por outro professor, uma relação por outra relação. Podemos mudar de emprego, mudar de cidade, mudar de casa ou a roupa dos nossos armários… Podemos ir para outra praia, outro retiro espiritual, ou outro dancing, bar ou cabaret. Podemos ser impelidos sempre para o próximo momento, o próximo lugar, a próxima promessa de sucesso num minuto, a promessa de sermos finalmente nós. E podemos, finalmente, nunca ter consciência do lugar onde nos encontramos agora, o único que existe.

O “mapa não é o território”, mas provavelmente há algo, ainda tão ou mais, verdadeiro: - o território somos nós!

Onde quer que vá, estamos lá, sempre presentes, completos, como somos. É a única realidade que encontramos.
Consciencializarmo-nos disso é gratuito. Todo o comércio existe baseado na promessa de nos fornecer um lar e na consciência de que não nos apercebemos do que está, na verdade, em frente dos nossos narizes, neste lugar, agora!

Pare e olhe e oiça e sinta e cheire e prove. Onde quer que vá, está sempre lá, aqui, é a sua casa. Não precisa ir lá, já lá estamos, aqui. É o mais difícil de admitir: não há outro lugar! Encontrará sempre lá a casa dos outros e se não estiver alerta, viverá na casa deles, mas nunca na sua. Esta passará então a ser a sua casa, com uma diferença: esta casa dos outros sair-lhe-à inevitavelmente muito cara, fisica e psiquicamente. Enquanto a sua casa é grátis, está sempre aqui.

1 comentário:

Isabel Perry disse...

Em tempos, há uns anitos,escrevi algo do género:

Que faliz eu serei quando não mais precisar de percorrer todas as florestas do Mundo e me bastarem as árvores da minha rua...

Que faliz eu serei quando não mais precisar de percorrer todos os mares e me bastar o meu mar, ali ao fundo da avenida...

Que feliz eu serei quando acordar um dia e não mais precisar de fazer as malas e partir, à procura de mim...

(esse dia já chegou, José. Obrigada)
Isabel Perry