D. enviou-me um novo mail.
Outra dúvida que tenho é a seguinte.
Quando perguntamos "porque é que eu sou tão burro?" a vida apresenta-nos várias respostas que nos mostram porque somos burros. Quem é que vai "buscar" essas respostas? O cérebro ou a mente?
É correcto dizer que ao colocarmos as questões certas, tipo, porque é que sou inteligente? Porque é que sou um ser com valor? Porque é que tenho sorte? O "cérebro/mente" busca as respostas e experienciamos experiencias que condizem com esse estado mental?
Não quero entrar nesta questão mente-cérebro. Mas há aqui um aspecto prático interessante e, talvez, fundamental nas nossas vidas: a relação pensamento-resultados.
O que pensamos vai condicionar a nossa percepção do mundo. Se nos consideramos “burros”, iremos encontrar as provas a todo o momento. É a natureza das convicções. Convicções são profecias auto-realizáveis.
Se nos afirmamos de forma positiva como inteligentes, pessoas de sucesso, corajosos, excelentes, é melhor, mas isso não quer dizer que vamos agir como tal, nem que percepcionemos no mundo provas disso. A questão é muito mais subtil. Por detrás do que afirmamos de forma positiva, há vozinhas interiores resistentes que, sem que tenhamos muitas vezes consciência disso, afirmam precisamente o contrário, o que nos obriga a gritar cada vez mais alto que somos inteligentes e a voz interior, por sua vez, a berrar que somos burros. A voz interior de que, na maioria das vezes, não temos consciência, acaba por vencer sempre.
Trabalhar com afirmações positivas, é muito popular, mas não são propriamente as maneiras de trabalhar em PNL que tenham mais sucesso.
Qualquer afirmação pode desencadear o seu contrário, luta, desperdício de energia e perca.
Em PNL trabalha-se, por exemplo, com a estrutura das afirmações (sub-modalidades); realização das intenções positivas, mesmo das convicções mais negativas; integração de afirmações opostas; neutralização da emoção negativa ligada à história da convicção; dão-se novos significados às afirmações limitadoras com base nos objectivos positivos escondidos na convicção, etc. etc. etc. Ao contrário do que as pessoas pensam, em PNL, convicções como “eu sou burro” são tratadas com todo o carinho. É a condição básica. Sem isso, o “burro” vence.
Aproveitei para falar de “afirmações”. Na realidade D. faz perguntas, o que é mais inteligente que fazer afirmações. Na estrutura da pergunta “Porque sou inteligente?” esconde-se o pressuposto (uma voz interior) de que sou inteligente e não há uma afirmação directa, o que facilita a neutralização de resistências que possam querer afirmar o contrário. Para além disso, a pergunta, que inclui um pressuposto, contorna a mente consciente e pode despertar o inconsciente, precisamente para procurar as provas.
Obrigado pela pergunta. Enviem-me mais perguntas!
J.F. (jose.figueira@pnl-portugal.com)
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