Revista mensal online de Programação NeuroLinguística
Ano 2 – 02, FEVEREIRO 2012
PNL e Desenvolvimento Pessoal
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PNL e Desenvolvimento Pessoal
O processo de crescimento
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Crescemos modelando a cultura envolvente e aprendendo coisas práticas. Treinamos e treinamos e treinamos e, num determinado momento, tornamo-nos “inconscientes competentes” na atividade ou habilidade aprendida. Manifestamos então habilidades de forma automática e, muitas vezes, falamos de talentos inatos esquecendo até o processo de aprendizagem a que nos submetemos para chegar lá. O desenvolvimento pessoal na nossa vida, desde a nascença, engloba o adquirir de conhecimentos e práticas específicas para executar tarefas, seja andar, falar, escrever, conduzir, expressar-se numa língua estrangeira, projetar um edifício, lidar com o computador, manusear o telemóvel, confecionar uma refeição… e também aprender competências de ação e comunicação tais como, eficácia, empatia, assertividade, saber escutar, responsabilidade, contextualização, cooperação, autonomia, etc. … e absorver (inconscientemente) os valores culturais dos outros. O desenvolvimento pessoal oficial, nas escolas e nas organizações tem, em geral, muito a ver com o que consideramos como nível neuro(lógico) de aprendizagem de competências. Pela nossa parte partimos, como é usual em PNL, do princípio que a qualidade de vida, o grau de satisfação e o significado de tudo o que fazemos reside, não neste nível do comportamento e das competências, mas está diretamente relacionado com os fatores subjacentes inconscientes que formam os nossos valores e personalidade.
A construção da identidade
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Todo o processo de crescimento a partir da nascença (e se calhar até antes, como já se fala em neurociência) é um processo de construção da personalidade. Não só desenvolvemos habilidades, qualidades e competências, mas alicerçamo-nos em crenças e traços de caráter para nos protegermos e agir no mundo. Adotámos crenças e valores, desenvolvemos traços e padrões recorrentes de funcionamento para sobreviver. Criámos “caráter”. Com a ajuda dos elementos herdados, tornámo-nos assim mais introversos ou extrovertidos, mais racionais ou sensitivos, mais analíticos ou intuitivos, mais organizados ou dispersos. Desenvolvemos hábitos, virtudes e vícios: vaidade, tolerância, teimosia, preguiça, romantismo, simpatia, pessimismo, ponderação, orgulho, modéstia, honestidade, distração, arrogância... Construímos todo um sistema de valores que parecem dar significado à nossa vida. Couraçámo-nos para enfrentar agruras e conquistar um lugar no mundo e empregamos muita da nossa energia em adultos para conservar a couraça e a fortalecê-la.
O grande momento da insatisfação
O sucesso e sensação de bem-estar no crescimento pessoal ao nível dos comportamentos e das competências são absolutamente dependentes das crenças, valores e emoções a que, infelizmente, não lhes é dada a devida atenção. Estes fatores são pois determinantes para o “significado” das nossas vidas e, mais tarde ou mais cedo, somos confrontados com eles. Como me sinto? Qual é o valor do que estou fazendo? Para quê? Reconheço-me no que faço no dia-a-dia? Nas minhas relações? Na forma como aproveito ou sinto que estrago o meu tempo? Este pode ser o grande e esperado momento da crise e este momento leva-nos a entrar num processo de busca de algo que preencha uma necessidade qualquer, um vazio, uma inquietação interna. Há que fazer então qualquer coisa no campo do “desenvolvimento pessoal”. É aqui que pode entrar em cena o mercado da New Age, com todo o seu enorme arsenal de práticas esotéricas que vai derramar águas (aquarium) sobre o mundo para criar a Nova Era da nova mentalidade e consciência universal. É aqui também que as pessoas se podem dirigir àquilo que às vezes é chamada de “ciência e arte da PNL”. A Programação NeuroLinguística, com base, entre outras, na linguística, cibernética e psicologia, oferece-nos então o caminho para uma auto consciencialização maior da estrutura do nosso funcionamento, do que fazemos, de quem somos, do que queremos e como chegar lá.
Caminhos no desenvolvimento pessoal
Iniciar um trajeto em PNL significa ver-se ao espelho e perceber as estruturas do funcionamento da mente. E não só. O mais importante são as ferramentas à disposição para poder lidar com essas estruturas, ferramentas para transformar comportamentos, para melhor emprego de habilidades e qualidades, para transformação de convicções e para o manuseamento de sensações e estados emocionais. São instrumentos poderosíssimos. O caminho está aberto para uma nova fase de desenvolvimento e auto descoberta. Na prática de PNL no mundo podemos observar diversas espécies de desenvolvimento pessoal tendo sempre como fim, de forma explícita ou não, realizar um maior significado de vida. Como modelo, podemos talvez imaginar uma escala com dois extremos em que cada praticante ou instituto ocupa o seu lugar, movendo-se mais ou menos numa ou noutra direção: - Numa direção da escala encontramos práticas que têm como objetivo reforçar ainda mais a personalidade e o emprego quase manipulativo de métodos de influência. Encontramo-las em técnicas de sedução, às vezes nas vendas, em algumas formas de liderança, nas empresas… Nas suas diversas formas tendem a fortalecer o “nós” contra o “eles” … - Felizmente que, na maioria dos casos, a epistemologia, método e técnicas de PNL é empregue para dissociação de apegos a crenças e hábitos, afastamento do socialmente correto e criando uma sensibilização para uma abertura a estados de ser mais subtis e o emprego de ferramentas de forma ecológica numa perspetiva de contribuição para um mundo melhor. Como ilustrado acima, para os conhecedores da história, qualquer abordagem seja em que instituto for, reflete certamente a origem da PNL nos anos 70: o fim da época idealista dos Hippies e o nascer dos consumistas de bom gosto, sucesso profissional e bem recompensados, os Yuppies.
A busca (ilusória?) de significado
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Níveis lógicos e desenvolvimento pessoal
Muito usual em PNL é portanto o pensamento em termos de categorias lógicas em que uma categoria superior dá significado à categoria inferior. O contexto onde nos movemos exige um comportamento adequado apoiado pelas competências necessárias. O desenvolvimento e emprego de competências exigem um nível lógico superior de atitudes e este, por sua vez, de normas enquadradas por crenças que, por sua vez, giram á volta de valores. Os nossos valores formam em si mesmo uma hierarquia. Por detrás de um significado há um significado superior, um quadro mais abrangente. Pretende-se, ao falarmos de desenvolvimento pessoal, chegar a um alinhamento coerente de níveis em que o nível superior dá significado ao inferior e este sustenta o superior. Uma técnica básica, usada em PNL, é o progressivo “alinhamento dos níveis neurológicos”. Tem como fim a investigação e a resolução de incongruências e incompatibilidades entre os diversos quadros. Pretende-se atingir uma relação harmoniosa entre comportamentos, competências, crenças e valores, traços psicológicos e emoções, onde o nosso objetivo último atua como elemento significativo orientador e unificador.
Mais abordagens
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Conclusões?
Como estudo da experiência subjetiva, a Programação NeuroLinguística obedece à regra básica de qualquer disciplina que tenha como fim as célebres palavras à entrada do templo de Delfos e que, segundo consta, serviram de inspiração a Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”. E vai mais longe. Embora não seja ciência, oferece ferramentas descritas na forma de “receitas” que se afiguraram de valor universal para a mudança. O outro lado da medalha é que são tão simples que muitos pensam poder empregá-las sem um conhecimento profundo da sua epistemologia. Claro que cada pessoa tira da Programação NeuroLinguística o que quer. Mas desenha-se uma tendência clara na sua história. Após a modelagem de terapeutas de renome mundial depressa se passa explicitamente do comportamento para o terreno determinante do inconsciente. Os significados do comportamento são procurados então no campo das crenças e valores. Dentro desta área falamos de hierarquias de significados orientadores que atingem o seu topo em Estados Essenciais. E na última década é corrente procurar as respostas e os Significados na memória coletiva e na “sabedoria do campo”. A PNL atingiu o seu fim? Ou estamos, nos últimos 10 a 15 anos à porta de uma nova realidade? A “next generation” encontrará ferramentas universais para atingir e realizar uma forma de consciência de significados transcendentes, para juntar às mais poderosíssimas ferramentas que já possuímos em PNL?
José Figueira
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