Como estava cansado pediu se lhe davam abrigo durante aquela noite. Prontamente deram-lhe comida e um sitio para dormir.
No dia seguinte, de manhã, encontrou o mestre numa das suas meditações no interior do templo. Era um homem pequeno, magro, de muita idade. Tinha apenas um manto a cobrir o seu corpo. O samurai, ao aproximar-se dele, sentiu que aquele homem irradiava uma energia que nunca havia sentido antes. O samurai, um homem de grande porte e conhecedor de muitas artes marciais, que havia combatido muitas guerras sem nunca ter perdido sentia-se agora reduzido perante um ser humano frágil e de aparência débil que não demonstrava qualquer emoção ao estar perto do guerreiro.
- Mestre, como é possível que eu, um dos maiores guerreiros desta terra, me sinta inferior a si?
O mestre continuou na sua calma contemplação sem sequer dar atenção ao guerreiro.
- Mestre, por favor responda, continuou ele, diga-me porque me sinto assim?
E o mestre sem dar resposta.
O guerreiro continuou a insistir para que tivesse a sua resposta mas do outro lado o que recebia em troca era apenas indiferença.
O samurai, chegou a desembainhar a espada e ameaçar o mestre que o matava caso não obtivesse a resposta. Mas a resposta era a mesma.
Quanto mais o tempo avançava mais ele se sentia inferior, frustrado, zangado...
Quando o guerreiro estava prestes a sair do templo, o mestre colocou-lhe a mão no ombro e disse:
- Quando a noite cair vem ter comigo ao jardim.
E assim foi, quando a noite caiu, o mestre e o guerreiro encontraram-se no o jardim do templo. Era um espaço com um pequeno lago, que servia de moradia às rãs, arbustos rasteiros ladeavam os limites do jardim e numa das pontas estavam duas árvores. Uma alta e imponente com muitos anos e uma mais pequena e jovem com tronco fino e alguns ramos ainda sem folhas.
- Senta-te, ordenou o mestre, e olha para aquelas duas árvores.
O guerreiro sentou e olhou aquelas duas árvores, de encontro a uma majestosa lua cheia que fazia de fundo.
- Diz-me samurai, achas que alguma das árvores se sente inferior à outra, perguntou o mestre.
Prontamente o Samurai respondeu:
- Não. Elas nem sequer devem ter consciência uma da outra. Elas nem se comparam...
- Exacto, elas não se comparam. Ambas sabem que têm o seu lugar na terra e que apesar de viverem lado a lado uma não é a outra e que cada uma segue o seu ritmo de vida, independente uma da outra.
Um Abraço a todos...
AC