Era uma vez uma ilha longínqua onde vivia uma solitária deusa de sal apaixonada pelo mar.
Passava dias e noites na praia observando o balanço das ondas, as ondas que vão e vêm no seu ritmo cadenciado, observando beleza, enxergando mistério, embevecida na magnitude das águas. Um desejo enorme começou a apossar-se do seu coração: vivenciar no seu corpo a sensualidade de toda aquela beleza.
O desejo aumentou tanto que um dia a deusa resolveu entrar pelo mar dentro. Imediatamente os seus pés derreteram-se.
Encantada, seguiu em frente e as suas pernas e as coxas desapareceram.
A deusa, deleitada, seguiu adiante sentindo todas partes do seu corpo a derreterem-se até ficar apenas com o rosto do lado de fora.
Uma estrela que a observava, dirigiu-se-lhe:
- Linda deusa, vais desaparecer por completo. Daqui a pouco não mais existirás.
Entretanto a água do mar desfazia o rosto da deusa, mas ela respondeu, fazendo um esforço:
- Continuarei existindo, porque agora eu sou o mar também.
A deusa passou a ser o mar que ela tanto admirava da praia. O mar, por sua vez, também nunca mais foi o mesmo. Transformou-se, salgado pela deusa.
(Adaptado de uma metáfora de autor desconhecido. Publicado na revista de PNL-Portugal de Fevereiro 2011)
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