Certo dia, na China feudal, numa pequena aldeia, viviam dois homens. Um era pobre, tinha uma casa humilde, trabalhava no campo e o que ganhava era apenas para a sua subsistência. O outro era rico, tinha uma casa grande, era comerciante e tinha todas as coisas que o dinheiro podia comprar. Eles tinham um filho cada um que eram exactamente da mesma idade.
Quando eles fizeram 10 anos o pai rico deu um cavalo ao filho. A partir desse dia, andava sempre no cavalo para todo o lado. O menino mais pobre estava muito triste pois o seu maior sonho era também ter um cavalo. O pai rico ao ver a criança assim foi ter com o pai pobre e disse-lhe:
"Que azar não teres dinheiro para comprares um cavalo ao teu filho. Se tivesses ele ficaria feliz e poderia viajar para todo o lado."
O outro pai respondeu:
"Não sei se é sorte, não sei se é azar..."
Um dia, o rapaz pobre andava pelo campo e encontrou um cavalo selvagem, com muito custo conseguiu apanhá-lo e domá-lo. A partir desse dia tornaram-se inseparáveis. Agora, o rapaz estava feliz e viajava para todo o lado no seu cavalo.
O pai rico ao ver a felicidade do rapaz disse para o pai pobre:
"Que grande sorte que teve o teu filho. Agora com o seu cavalo ele é tão feliz."
O pai do rapaz respondeu:
"Não sei se é sorte, não sei se é azar..."
Certo dia, quando o rapaz galopava pelos campos, caiu e feriu a perna com gravidade. A partir desse dia ficou sem poder andar nem a cavalo nem sem muletas.
"Que azar teve o teu filho. Agora vai ficar aleijado para o resto da vida" Disse o pai rico para o pobre.
A resposta foi a mesma de sempre:
"Não sei se é sorte, não sei se é azar..."
Anos mais tarde, quando eles já eram adultos, o rapaz rico foi chamado para o exército, para combater na guerra. O pobre, como tinha o problema na perna ficou na aldeia.
"Que azar que tem o teu filho. Enquanto o meu vai sair daqui, conhecer o mundo ter glória e sucesso, o teu ficará aqui, e será esquecido e ter a mesma vida de sempre."
A resposta foi a habitual:
"Não sei se é sorte, não sei se é azar..."
Um dia, chegou a notícia de que o filho do pai rico tinha morrido na guerra.
"Que sorte tens, não teres que chorares a morte do teu filho. Pode estar aleijado mas está aqui ao pé de ti."
"Não sei se é sorte, não sei se é azar"
"Homem, há tantos anos que nos conhecemos e sempre que acontece alguma a tua resposta é sempre a mesma" disse o rico enfurecido.
"A única coisa que podemos saber ao certo, é o que está a acontecer agora, aqui neste local. O resto há-se chegar de uma forma ou de outra. Por isso, estar a dizer que isto é bom ou mau, se é sorte ou azar é adivinhar o futuro. E isso, nós não o conseguimos fazer"
Um abraço a todos
AC